“Acima dos mandamentos, há o mandamento que os engloba todos, a lembrança de Deus: Lembra-te do Senhor teu Deus em todo tempo (Dt 8,18). Em relação a esse é que os outros foram transgredidos; é por ele que os guardamos”
(São Gregório o Sinaíta, 1255-1346).
01. Os Santos monges, herdeiros da tradição apostólica e dos ascetas cristãos, desde o século III, no deserto do Egito e de Gaza, até o século XIV no Monte Athos, com o reavivamento espiritual de São Simeão, desenvolveram um sistema espiritual chamado de hesicasmo.
02. O nome hesicasmo provém do grego hesychìa que significa: calma, paz, tranqüilidade, ausência de preocupação.
03. O hesicasmo é um sistema espiritual de orientação essencialmente contemplativa que busca a perfeição (deificação = divinização) do homem na união com Deus através da oração incessante do coração.
O que é a oração do coração?
04. Os santos monges estabeleceram a fórmula da oração do Nome de Jesus. Eles unirão a profissão de fé Apostólica: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo” (Mt 16,16; Filp 2,9-11), com a suplica do publicano e dos humildes do Evangelho: “Meu Deus, tem piedade de mim, pecador!” (Lc 18,13. 39; Mt 15,22). Formulando assim, a Invocação Clássica do Nome:
“Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus Vivo,
tem piedade de mim”!
05. Obs.: Além dessa formula clássica de invocação do Nome, muitos monges rezavam: “Senhor Jesus Cristo, tem piedade de mim”, outros diziam: “Senhor Jesus”, ou até mesmo: “Jesus tem piedade de mim”. E ainda outros sugerem a forma mais simples: “JE-SUS”, apenas isso.
06. Logo, podemos dizer que a oração do coração é a arte de invocar continuamente o Nome Santo de Jesus com os lábios, com a mente e o coração.
07. Com que objetivo os hesicastas dedicavam-se a oração do coração? Os monges hesicastas, por meio da invocação do Nome de Jesus e da atenção do coração buscavam o domínio das paixões e de todo o pensamento mal para permanecerem no suave repouso de Deus à escuta da Sua palavra silenciosa. Disse um deles:
«A nós, pequenos e fracos, não nos resta outra coisa senão refugiar-nos no Nome de Jesus».
EXORTAÇÕES DOS SANTOS MONGES DO DESERTO
Macário , o Grande († 390)
“Bem-aventurado aquele que for encontrado perseverante no nome bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo, sem cessar, e de coração contrito. Porque sem dúvida não existe, em toda a vida prática, obra tão agradável quanto esse alimento bem-aventurado, se o ruminares sempre; se o ruminares como a ovelha, quando o faz vir para cima, e experimenta a doçura de ruminar, até que a coisa ruminada entre no interior de seu coração e nele derrame uma doçura e um óleo (unção) bom para o estomago e para todo o interior. Não vês a beleza da sua expressão cheia da doçura do que ela ruminou na boca? Oxalá consigamos que Nosso Senhor Jesus Cristo nos conceda graça, em seu nome doce e macio (untuoso)”.
“Não há outra meditação excelente, além do nome salutar e bendito de Nosso Senhor Jesus Cristo, habitando continuamente em ti, assim como está escrito: “Como uma andorinha eu gritarei e como uma rola meditarei”. É assim que faz o homem piedoso, constante no nome salutar de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
São Gregório o Sinaíta (1255-1346)
“A oração infalível é a oração ardente de Jesus”;
“Não devemos nem temer, nem gemer, quando invocamos o Senhor”;
“A lembrança de Deus ou oração espiritual é a mais elevada de todas as ações, a mais alta das virtudes, com a caridade”.
Acima dos mandamentos, há o mandamento que os engloba todos, a lembrança de Deus: Lembra-te do Senhor teu Deus em todo tempo (Dt 8,18). Em relação a esse é que os outros foram transgredidos; é por ele que os guardamos”;
“Ele perdoa aos que não cessam de invocar seu santo Nome”;
“Quando a ti, quando os pensamentos te assaltam, invoca Jesus Cristo muitas vezes e com paciência: eles se desvanecerão, porque não suportam o calor que a oração produz no coração”;
“ A respiração do monge deve ser a lembrança de Deus”;
Simeão, o novo Teólogo (917-1022)
“Quanto a ti, quando os pensamentos te assaltam, invoca Jesus Cristo muitas vezes e com paciência: eles se desvanecerão, porque não suportam o calor que a oração produz no coração”;
“Aquele que ora sem cessar, envolve tudo em sua oração”;
“Dizer, ao respirar: Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim”, em voz baixa, ou simplesmente em espírito”;
Nicéforo, O Solitário (séc. XIII)
“Não tenhas outra ocupação, nem meditação, além do grito de Senhor Jesus Cristo tem piedade de mim!”;